Sociedade
Violência explode no Brasil após negro espancado até a morte na loja Carrefour
Mais de 1.000 manifestantes atacaram um supermercado do Carrefour Brasil na cidade de Porto Alegre, no sul do Brasil, na sexta-feira, depois que seguranças espancaram até a morte um negro na loja.

A morte de João
O assassinato, que gerou protestos em todo o Brasil, ocorreu na noite de quinta-feira, quando um funcionário de uma loja chamou a segurança depois que o homem ameaçou agredi-la, informou o canal de notícias a cabo GloboNews, citando a Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul.
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O site de notícias G1 informou posteriormente que uma análise inicial do instituto forense estadual indicou que a causa da morte poderia ser asfixia.
Em um comunicado na sexta-feira, a unidade local do Carrefour SA da França disse que lamenta profundamente o que chamou de morte brutal e disse que imediatamente tomou medidas para garantir que os responsáveis fossem legalmente punidos.
Ele disse que rescindiria o contrato com a empresa de segurança, demitiria o funcionário responsável pela loja no momento do incidente e fecharia a loja em sinal de respeito.
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Numa série de tweets em português na noite de sexta-feira, o presidente e CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, disse que as imagens publicadas nas redes sociais eram “insuportáveis”.

“Medidas internas foram imediatamente implementadas pelo Carrefour Brasil, notadamente em relação à empresa de segurança envolvida. Essas medidas não vão longe o suficiente. Meus valores e os valores do Carrefour não permitem racismo e violência”, disse Bompard.
Ele pediu uma revisão completa do treinamento de funcionários e subcontratados em valores de segurança, diversidade e tolerância.
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“Pedi às equipes do Carrefour Brasil que cooperem plenamente com as autoridades judiciais para chegar ao fundo desta ação odiosa”, acrescentou.
Em Porto Alegre, manifestantes na tarde de sexta-feira distribuíram adesivos com o logotipo do Carrefour manchado de sangue e pediram um boicote à rede. Eles ergueram uma faixa em português onde se lia “Vidas negras são importantes” e cartazes pedindo justiça para Beto, apelido para a vítima.
O protesto se tornou violento na noite de sexta-feira, quando os manifestantes quebraram janelas e veículos de entrega no estacionamento do supermercado. Uma testemunha da Reuters viu a polícia atirando gás lacrimogêneo contra os manifestantes.
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Em São Paulo, dezenas de manifestantes quebraram as vitrines de uma loja do Carrefour com pedras, arrancaram as portas da frente e invadiram o prédio, derramando produtos nos corredores antes de se dispersarem.
No Rio de Janeiro, cerca de 200 manifestantes aos berros se reuniram em frente a outra loja do Carrefour.

O dia 20 de novembro é homenageado em várias partes do Brasil como o Dia da Consciência Negra. Os brasileiros gostam de pensar em seu país como uma harmoniosa ‘democracia racial’ e o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro nega a presença de racismo.
Mas a influência da escravidão, abolida em 1888, ainda é evidente.
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Os negros brasileiros têm quase três vezes mais chances de serem vítimas de homicídio, de acordo com dados do governo de 2019.
“A cultura do ódio e do racismo precisa ser combatida na sua fonte e todo o peso da lei deve ser usado para punir aqueles que promovem o ódio e o racismo”, escreveu Rodrigo Maia, o presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, em um tweet.
Traduzido e adaptado por equipe O Verbo News
Fonte: Reuters
